O COELHINHO DO NATAL
O
coelhinho Natalício andava muito ansioso, sentia algo no ar, na quinta da avó
Idalina.
-
É o Natal que está a chegar – explicava o gato Leopoldo.
-
Mas o que é o Natal? – interrogava ele.
-
É uma ocasião muito importante para os humanos. Ficam sempre agitados, nesta
ocasião – esclarecia Rufo, o cão.
- Mas porquê?
- São lá coisas deles,
Natalício – respondiam-lhe.
Resolveu ir espreitar.
Se eram coisas dos humanos, havia de descobrir. Abeirou-se da janela da cozinha,
onde a avó Idalina lanchava com as crianças, e pôs-se à escuta.
- Pois é, meninos, – contava
a avó – foi assim mesmo. Esse menino especial nasceu naquele lugar tão
pobrezinho, sem conforto. Só tinha o amor dos pais e o bafo quentinho dos
animais para o aquecer.
- Que bonito, avozinha!
Conta mais! – pediam, entusiasmados, os netos.
- Então, brilhou uma
estrela no céu. Uma estrela radiosa que ofuscava o brilho de todas as outras.
- Ah eu sei, avó! –
gritou a neta mais velha, que já tinha ouvido a história, ano após ano. – Posso
ser eu a contar?
- Os três Reis Magos,
guiados pela luz da estrela, foram seguindo e encontraram o menino. E até lhe
levaram presentes e tudo!
- É verdade. E sabem
quando foi isso?
- É agora, no Natal! –
responderam os netos.
- Bem… - corrigiu a avó
Idalina. – Já foi há mais de dois mil anos. Mas todos os anos, nesta altura, festejamos
o seu nascimento.
Tal era a excitação do
pequeno Natalício que já nem ouviu a correção feita pela avó. Bastou-lhe
escutar “É agora, no Natal”, para dar um salto de alegria e correr para junto
dos irmãos, aos gritos.
- Nasceu um menino
muito importante! Por isso é que é Natal! Estão a ouvir-me? Venham todos, vamos
fazer-lhe uma visita!
O gato Leopoldo ainda
tentou explicar que tinha sido há muito, muito tempo. Ele conhecia a história.
Era um gato muito velho, já a tinha ouvido vezes sem conta. Mas só conseguiu
que o coelho se zangasse.
- Estou a ver que
ninguém se dispõe a acompanhar-me. Que preguiçosos!
- Não estás a entender,
Natalício. Tu nem sabes onde está esse menino – advertiram os outros coelhitos.
- Que importa? Sei que
hei de encontrá-lo. Vou seguir a estrela, como os reis.
- Mas que estrela? E
que reis? Não sabes o que dizes.
- Sei o que ouvi à avó
Idalina. Ela disse que o menino é muito importante. Que nasceu pobrezinho, sem
conforto, que só se aquece com o bafo dos animais. Vou lá confortá-lo e, quem
sabe, ainda lhe levo um presente.
- Mas tu és apenas um
coelho, Natalício – riu-se o cão Rufo. – O que é que um simples coelho pode oferecer
a um bebé? Ora adeus…
- Mas ele não é um
recém-nascido – não desistia de tentar esclarecer o gato Leopoldo. - Ele…
- Deixem-se de coisas!
Se não querem vir, vou sozinho.
Mas quando disse isto,
já os amigos não o conseguiam ouvir porque ele corria apressado, aos saltos
pelo monte, como se soubesse com toda a certeza o caminho a tomar.
Mas não sabia. Não
fazia a mais pequena ideia. Depressa chegou a essa conclusão. Já devia ter
percorrido uma distância enorme, pois estava exausto e cheio de fome. Já tinha
andado para a frente e para trás, em linha reta, em linha curva e até em
círculos.
- Acho que já aqui
passei. – suspirava. – Também… onde estará a tal estrela de que falava a avó?
Sem ela não me oriento.
Parou um pouco para
descansar, quando avistou três homenzinhos. Correu para eles.
- Boa tarde, senhores!
Sereis vós os três reis?
- Três reis? Mas que
reis? Andamos à procura das nossas ovelhas. Está a anoitecer, temos de ir para
casa. Mas que reis!...
- Ah pensei que eram os
três reis que vão visitar o menino Jesus!
- Pois então!! Não
deves estar bom do juízo!
O coelhinho continuou o
caminho. Foi anoitecendo e teve de parar. Sempre tivera medo do escuro.
Deitou-se junto a uma pedra e tentou dormir. Adormeceu mesmo. Mas, por pouco
tempo. Acordou com as estrelas a brilhar sobre a cabeça. Ficou contentíssimo.
- Agora é só procurar a
mais brilhante. Parece-me bem que é aquela lá no alto, a que ofusca o brilho das
outras. Vou segui-la.
No entanto, as
dificuldades ainda não tinham acabado. Nem ele imaginava como podia ser
arriscado um coelhito andar no mato, pela noite dentro, sozinho e ignorante dos
perigos. De repente, ouviu uns passinhos ligeiros. Algo espreitava por trás das
moitas. E não devia ser amigo, suspeitou. Correu o mais que pode, tentando não
olhar para trás, para não perder tempo. Mas não resistiu. E o que viu ele? Uma
raposa que o perseguia, perto, cada vez mais perto, aproximando-se
perigosamente.
De um salto, Natalício
enfiou-se por um tronco a dentro, que se encontrava caído no campo. A raposa
tentou enfiar-se também, mas tinha o focinho largo, ficou presa. Então, o
coelhito fugiu pelo outro lado do tronco e correu o mais que pode, tremendo e
torcendo para que a perseguidora ficasse ali retida muito tempo. Nunca mais a
viu.
Correr durante a noite
não é nada fácil, mesmo à luz das estrelas. Quando o Natalício deu por si,
estava a rebolar por um declive a baixo, aos tropeções, embatendo nas pedras.
Chegou ao sopé cheio de arranhões e com uma imensa vontade de desistir.
Depois lembrou-se que
estava quase a não conseguir aguentar a fome. Lembrou-se então do pequenino
recém-nascido.
- Será que também tem
fome? Será que a mãe tem leite para o amamentar? Coitadinho, tão pobrezinho e
eu sem nada que lhe levar de presente. Quem tinha razão era o cão Rufo. Não
passo de um simples coelho, maluco e presunçoso. Acho que posso tudo e afinal,
nem com o consigo encontrar.
Suspirou, muito triste.
Foi então que, ao longe, por entre as estrelas que se iam apagando, porque
estava a amanhecer, vislumbrou um fumozito que saía de uma chaminé. Encheu-se
de esperança.
- Vou lá ver! Pode ser
que me saibam informar.
Correu, animado, e só
parou à porta entreaberta de um casebre, de janelas e telhas partidas. Era dali
que saía o fumo. Espreitou, um pouco receoso.
- Que vejo eu?
Dentro da casa estava
um casal pobremente vestido, pareciam mendigos. No meio deles, embrulhado em
serapilheira, estava uma criança muito pequena, tão pequena que bem podia ser
um bebé.
- Será o menino de que
falou a avó Idalina? Mas não vejo os reis. Se calhar vieram e foram logo
embora. Para reis, não foram nada delicados!…
Olhou com atenção, à
procura dos animais que o deveriam aquecer com o bafo, mas também não estavam
lá.
- Se calhar,
enganei-me. Nem reis nem animais.
Logo sentiu imensa
compaixão por aquela pobre família.
- Estou aqui e não vou
deixar de lhe dar o único presente que tenho: o calor do meu pelo e do meu
bafo.
Entrou e aconchegou-se
junto do pequenino, que dormia sossegado num montinho de feno. Nesse momento,
espantado, mas profundamente agradecido, viu entrar os irmãos coelhinhos, o
gato Leopoldo e o cão Rufo.
- Pensavas que te íamos
deixar sozinho nesta aventura?!
Aconchegaram-se junto
ao bebé e adormeceram felizes. Tinham ali o seu Natal!
Maria de Lurdes Duarte, Lugares e Palavras de Natal IX volume, (coletânea de vários autores), Editora Lugar da Palavra
Ilustração: 1º/2º A AL
A partir da leitura do conto, surgiu...
PALAVRA-PUXA-PALAVRA
NATAL é conviver com a família.
Família é alegria, união e amor.
Amor devemos partilhar com todos,
Todos os seres vivos do planeta.
Planeta está todo iluminado, porque é NATAL.
4º A AR
NATAL deve ser comemorado em família.
Família é amor, carinho e afeto.
Afeto devemos dar a toda a gente,
Gente do mundo inteiro.
Inteiro é o nosso coração solidário,
Solidário tem de ser o nosso NATAL.
3º/4º A AL
ACRÓSTICOS
Natal é festa da família.
Alegria por estarmos todos reunidos.
Todos devem partilhar, ajudar e amar.
A magia do Natal é fantástica!
Lado a lado não devemos festejar para
a Covid não contagiar.
4º A AR
Natal é uma ocasião especial de
Amor, carinho e amizade,
Também de conviver com a família,
Alegria quando estamos todos juntos.
Luzes coloridas entram no nosso coração.
1º/2º A AL